Salute

História da descoberta da insulina: a insulina ganha o mundo

As notícias sobre a história da descoberta da insulina se espalharam pelo mundo como um incêndio. A indústria então, inicia sua colaboração para produzir e permitir o acesso a insulina por cada vez mais pessoas. Está iniciado um novo capítulo da história — e o mais importante capítulo para todos nós da comunidade de diabetes.

A insulina ganha o mundo

A partir de 1922, a indústria começou a participar do processo, ajudando os cientistas a produzir volumes cada vez maiores de insulina, e cada vez mais pacientes passaram a ser tratados com o hormônio. 

Até o momento em que a insulina passou a ser produzida em escala industrial, o diagnóstico de diabetes mellitus insulino-dependente era mesmo uma sentença de morte. Durante muitos anos, a insulina utilizada para o tratamento dos diabéticos tinha origem bovina ou suína, a partir de extratos purificados. 

Foi apenas a partir das décadas de 70-80, que a tecnologia do DNA recombinante mudou essa situação: tornou-se possível produzir insulina humana em laboratório, com a ajuda de bactérias geneticamente modificadas para este fim. 

Depois disso, vieram diversas novas formas de apresentação de insulina, como também pequenas modificações na composição das soluções, que permitiram a criação das insulinas regular (ação rápida), NPH (intermediárias) ou lentas, o que melhorou muito as condições de tratamento dos diabéticos. Mais recentemente, foram criados os chamados análogos de insulina de ação ultra-rápida (lispro, aspart, glulisina) ou ultra-lenta (glargina, detemir, degludeca), a partir de alterações estruturais na molécula de insulina.

Uma breve história da insulina no Brasil

Era o ano de 1971. O médico Marcos Luíz dos Mares Guia, então professor de Bioquímica na UFMG, decidiu criar, com seu irmão Walfrido e um outro sócio, o engenheiro Guilherme Emrich , uma empresa chamada Biobrás . Três anos depois, com financiamento do governo, a empresa inaugura sua primeira fábrica, em Montes Claros (MG), trazendo para o projeto, além dos 3 sócios-fundadores, mais sete alunos de pós-graduação de Marcos Luíz. 

Os anos 70 foram marcados pelo chamado “milagre econômico”, quando o governo militar implementou uma política de estímulo à indústria nacional, com foco na substituição de importações. Foi uma época ótima para a Biobrás, que deu início à produção de insulina no país. 

Mas foi apenas no começo da década de 80 que um convênio firmado entre a Biobrás e a americana Eli Lilly (primeira empresa do mundo a produzir insulina em escala industrial) deu o impulso definitivo à produção, distribuição e exportação do hormônio. Sete anos depois, a parceria foi desfeita, e a Biobrás começou a distribuir por si mesma a insulina ao Ministério da Saúde. 

Por essa época, a insulina produzida no Brasil ainda era obtida de extratos bovinos e suínos. A tecnologia do DNA recombinante, que viabilizava a produção de insulina a partir de bactérias geneticamente modificadas, foi descoberta em 1982, mas só começou a ser explorada comercialmente pela Biobrás em 2000, com a obtenção da patente nos Estados Unidos e, em 2010, com a patente brasileira para o medicamento. 

Em 2001, a Biobrás foi vendida para a dinamarquesa Novo Nordisk. Hoje, a fábrica de Montes Claros produz insumos intermediários para a produção dos cristais de insulina, fabricados na Dinamarca. 

Atualmente, um acordo tecnológico entre a a Fundação Oswaldo Cruz (Farmanguinhos), a Fundação Bahiafarma e a empresa ucraniana Indar está viabilizando o processo de retomada da produção brasileira de insulina, com a técnica do DNA recombinante. 

Essa história virou filme!

Um dado muito curioso, relativamente à história da descoberta da insulina, é o fato de os pesquisadores responsáveis não terem solicitado a patente do novo medicamento. Quando, menos de dois anos após a descoberta, a indústria já produzia e distribuía insulina em escala mundial, veio a notícia de que Banting e Macleod haviam sido indicados ao Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina. 

Foi então que começou a troca de acusações entre os cientistas.  Após alguns anos de polêmica, Banting decidiu compartilhar o prêmio com o jovem Best e Macleod acabou fazendo o mesmo por Collip, o farmacêutico.
Essa história acabou dando origem ao filme Glory Enough for All , de 1988 — que pode ser conferida nessa playlist no YouTube.

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